Por que empresários devem incorporar a autocompaixão às suas vidas

Não sei você, mas eu não tenho sido exatamente gentil comigo mesmo este último ano. Sob pressão, meu lado perfeccionista entra em modo turbo.

Eu disse algo errado naquela reunião no Zoom?

Dei o feedback certo para aquele funcionário?

Aquele e-mail foi muito seco ou muito casual?

Esse loop de pensamentos negativos nunca tem fim. O fato é que, às vezes, eu posso ser bastante impiedoso comigo mesmo.

“Frequentemente somos os nossos piores críticos”, escreve Alice Boyes para a Harvard Business Review, “Quando nos sentimos ansiosos ou frustrados, falamos com nós mesmos de forma mais dura do que consideraríamos aceitável por qualquer outra pessoa”.

Deixe-me colocar da seguinte forma: Se outra pessoa falasse conosco da forma como falamos com nós mesmos, nós os mandaríamos cair fora. Sem problemas.

Mas como podemos mudar essa dinâmica nada saudável quando nós mesmos somos os críticos?

Para empresários, especialmente, isso pode ser um pouco mais complicado. Fomos condicionados desde o princípio a acreditar que sermos duros com nós mesmos faz parte da jornada. Preciso que dê tudo certo com esse projeto ou irei estragar tudo com o cliente.

Ainda assim, como Boyes explica sabiamente, “presumimos erroneamente que a crítica nos motivará a fazer melhor”. Quando, na verdade, é exatamente o oposto.

“Nos tornamos ainda mais perfeccionistas do que éramos antes,” escreve ela. “Em vez de conversarmos com nós mesmos com compaixão, elevamos nossos padrões de comportamento como um mecanismo de defesa contra sentimentos de dúvida, ansiedade ou frustração.”

Essa voz insistente a qual ela se refere não é algo novo para mim.

Mas aí é que está. Examinei bastante minha consciência em 2020 e algo que eu sabia que queria fazer de forma diferente esse ano era tornar meu diálogo interno mais compassivo.

Embora eu já tenha melhorado bastante desde a última primavera, ainda estou trabalhando em mudar tais padrões no meu dia a dia. Sendo assim, gostaria de compartilhar 5 práticas que tem me ajudado a reestruturar as conversas negativas na minha cabeça. Espero que estas também o ajudem.

Abrace as áreas cinzentas

Ao contrário do que nossa mente nos diz, nem tudo é preto ou branco, certo ou errado, bom ou ruim. Essa mentalidade “tudo ou nada” é o que muitas vezes nos impede de sermos mais gentis conosco mesmos.

Além do mais, isso danifica nosso senso de identidade, mantendo-nos presos.

De acordo com Boyes, devemos utilizar uma abordagem equilibrada em relação às nossas emoções negativas e a forma como percebemos nossas experiências. Abraçar as áreas cinzentas significa permitir-nos tomar a melhor decisão possível em qualquer situação.

Boyes escreve: “A autocompaixão pode ajudá-lo a ter uma visão mais equilibrada de si mesmo e a perceber que mesmo quando nem tudo está ótimo (digamos, seu desempenho em um projeto), nem tudo é terrível (toda a sua carreira é um fracasso).”

Isso diz muito respeito à minha própria experiência.

Tenho atuado como CEO da minha empresa Jotform há mais de 15 anos, mas isso não me torna alguém que sabe tudo sobre todos os aspectos do setor. Pelo contrário, eu acredito na filosofia de ser um eterno aluno. Sendo assim, estou sempre me desafiando a aprender novas técnicas, novas habilidades, e o mais importante, novas mentalidades que estimulem o crescimento.

Por toda a minha vida, sempre estive mais predisposto a adotar essa mentalidade tudo ou nada, mas, recentemente, conversei com um coach de negócios que me disse que adotar uma atitude de “moderação” poderia me ajudar a conter parte dessa tendência.

Desde então, tenho praticado uma mudança em meu autodiálogo. Para mim, funciona mais ou menos assim:

Não se preocupe. Todo mundo fica desconfortável durante reuniões no Zoom.

Ofereci o feedback certo no momento baseado nas informações disponíveis.

O e-mail que enviei expressou exatamente o que eu queria, e posso sempre acompanhar o assunto, caso necessário.

Perceba que isso não acontece só com… você

Em um artigo para a BBC, David Robson descreve a prática da autocompaixão como o “perdão por nossos erros e um esforço deliberado para tomar conta de nós mesmos em momentos de decepção ou constrangimento”.

A fala acima é particularmente relevante para empresários que batalham contra pensamentos “derrotistas”. Quando aquela apresentação não sai como o planejado ou quando não atingimos nossa meta mensal – é aí que tendemos a mergulhar de cabeça em nosso perfeccionismo.

Empregar a autocompaixão significa reconhecer nossas emoções difíceis e compreender que tais experiências não estão limitadas a nós – elas são universais. Veja essa pandemia, por exemplo – ela está mudando completamente nossos planos anteriormente elaborados.

Mas estamos nessa juntos – todos lidando da melhor forma possível.

Pratique o autossuporte incondicional

O mais importante aqui é que nosso autodiálogo soe natural e autêntico para nós – não forçado. “É mais provável que você acredite em si mesmo ao usar uma linguagem real para você,” escreve Boyes. “Encontre um tom que seja ambos gentil e atraente.”

Eu acho que é justo dizer que não sou aquele tipo de pessoa incrivelmente animada. Sou um amante de tecnologia e confio naquilo que considero sólido e lógico. Sendo assim, a autocompaixão, para mim, não é algo muito elaborado – é ouvir a voz do meu melhor amigo na minha cabeça me dizendo para pegar leve comigo mesmo.

É apoiar incondicionalmente, da mesma forma que ele o faria.

Conheça seus gatilhos e elabore um plano de ataque

“Para a maioria das pessoas, o hábito da autocrítica não parece estar tão profundamente arraigado a ponto de não haver uma possibilidade de reparo,” escreve Robson.

Mesmo que tenhamos passado todas as nossas vidas como perfeccionistas, ainda podemos virar o jogo. Mas primeiro precisamos conhecer nossos gatilhos.

Boyes recomenda a prática da autocompaixão, especialmente naqueles momentos onde nos pegamos remoendo decisões antigas, fazendo comparações sociais ou refletindo sobre nossas imperfeições.

“Crie meia dúzia de situações comuns onde você acredita que um autodiálogo compassivo o ajudaria a tomar decisões melhores,” afirma ela, “e então escreva esses cenários em um caderno ou aplicativo de anotações onde você possa acessá-los facilmente.”

Pratique aplicando a técnica em outras pessoas

“É preciso mais que um suporte genérico do tipo ‘você consegue!’ para praticar a autocompaixão,” explica Boyes.

De diversas formas, aplicar a técnica em outras pessoas – conversando com as pessoas que amamos, clientes ou colegas, com compaixão – é como uma faísca que inflama a chama a crescer também em nós mesmos.

E o oposto também é verdade. “Cultivando a compaixão dentro de nós mesmos,” escreve Elle Hunt para o The Guardian, “nos tornamos mais capazes de senti-la por outras pessoas, o que significa que nossa abordagem mais gentil, calma e empática pode irradiar para fora.”

Embora ainda me considere um projeto em andamento quando se trata da autocompaixão, sei que o único futuro que vale a pena almejar é um onde sou meu maior aliado.

AUTOR
Aytekin Tank is the founder and CEO of Jotform and the bestselling author of Automate Your Busywork. A developer by trade but a storyteller by heart, he writes about his journey as an entrepreneur and shares advice for other startups. He loves to hear from Jotform users. You can reach Aytekin from his official website aytekintank.com.

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